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Principais avanços no tratamento da catarata

Principais avanços no tratamento da catarata

A catarata, problema na opacidade do cristalino que dificulta a realização de atividades comum no dia a dia, como ler, por exemplo, é uma doença milenar que acomete, principalmente, os idosos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a catarata é responsável por 51% dos casos de cegueira no mundo, o que representa cerca de 20 milhões de pessoas.

Apesar deste cenário parecer desalentador, os avanços nos tratamentos de doenças oculares e no estado da arte da cirurgia oftalmológica continuam crescentes.

1. Quais os principais avanços no tratamento da catarata?

Por enquanto não há terapia clínica para a catarata. A partir do momento que o oftalmologista faz o diagnóstico e que existe repercussão clínica, o único tratamento eficaz é o cirúrgico onde se substitui o cristalino opaco por uma lente intraocular transparente. Pesquisas e estudos experimentais têm sido realizados em animais com o uso de colírios contendo substâncias como a N-acetil-carnosina, antioxidante que parece prevenir e até mesmo dissolver complexos proteicos causadores de certas opacidades cristalinanas.

Os avanços no tratamento cirúrgico da catarata nos últimos anos foram diversos e pode-se destacar:

- A redução gradual do tamanho das incisões, viabilizada por conta das modificações nas ponteiras dos aparelhos de facoemulsificação e disponibilidade de cartuchos mais finos permitindo o implante da lente intraoculare (LIO) por incisão cada vez menor;

- A introdução do LASER de femtosegundo que possibilitou uma maior precisão e reprodutibilidade na arquitetura das incisões, no tamanho da capsulorrexe, além de auxiliar nas fraturas da catarata reduzindo assim o gasto de poder de facoemulsificação diminuindo, desta forma, o trauma cirúrgico;

- Disponibilidade de viscoelásticos que oferecem maior proteção das estruturas intraoculares como íris, endotélio e cápsula do cristalino;

- Facoemulsificadores com melhor controle de fluídica, permitindo melhor controle da profundidade da câmara anterior e redução do efeito surge associado a menor poder de faco com mecanismos de movimentação torcional da ponteira com alta eficácia e baixa energia, gerando menos trauma aos tecidos e reduzindo complicações, como roturas da cápsula posterior;

- Desenvolvimento de aparelhos que realizam medidas pré-operatórias do grau da lente intraocular a ser implantada (biometria) mais precisas e introdução de fórmulas biométricas com melhores resultados refracionais até mesmo em olhos cuja anatomia fogem do padrão usual (muito longos, curtos ou submetidos a cirurgias refrativas prévias);

- Desenvolvimento de técnicas mais precisas de medidas de eixo para implante de LIOs tóricas, sendo disponível inclusive sistema cuja visualização do eixo aparece na imagem do microscópio cirúrgico;

- Desenvolvimento de lentes intraoculares que visam correção das diversas ametropias prévias com enfoque do tratamento da presbiopia cujas lentes de foco estendido e as trifocais vêm mostrando resultados promissores quando comparadas às de geração anterior.

2.  Sabe-se que a cirurgia é o tratamento padrão ouro para este problema. Existe alguma nova técnica cirúrgica?

Além das inovações descritas acima pode-se destacar a introdução de recursos que vieram melhorar os resultados e reduzir complicações cirúrgicas em casos desafiadores, como anéis dilatadores de pupila, diferentes modelos de segmentos de anel capsulares e anéis de tensão capsular com e sem fixação. Desenvolvimento de diversas técnicas de fixação de lentes intraoculares com e sem sutura que permitem implantes de LIOs sem suporte capsular e centralização destas em caso de subluxação.

3. Em relação aos medicamentos, existe algum que pode amenizar/reduzir a catarata? Em caso positivo, como o ativo age impedindo a progressão da catarata?

Por enquanto não há nenhum tratamento medicamentoso que comprovadamente previna ou reduza o desenvolvimento de catarata em olhos humanos. Sabe-se que o estresse oxidativo é cataratogênico. Consequentemente, os antioxidantes agiriam na prevenção do desenvolvimento e/ou da progressão da catarata. Desta forma medidas como a redução da ingestão de bebidas alcoólicas, do tabagismo da exposição aos raios UVB e uma dieta rica em vitaminas A,C e E e betacaroteno foram consideradas protetoras para o desenvolvimento de catarata por alguns autores.

A carnosina é um antioxidante natural produzido por diversos tecidos de mamíferos e encontrada em quantidade reduzida em cataratas senis. Na tentativa de aumentar a biodisponibilidade da carnosina, foi sintetizada a N-acetilcarnosina (conhecida como Can-CTM) que vem sendo administrada como colírio duas vezes ao dia em animais para a prevenção da catarata.

4. Quais os principais fatores de influência no desenvolvimento da catarata e como eles podem ser evitados?

O principal fator de risco para a catarata é a idade, ou seja, o envelhecimento.Outros fatores importantes para o desenvolvimento da catarata são tabagismo, Diabetes Mellitus, exposição à radiação ultravioleta (UV), principalmente raios UVB, uso de corticoide oral e tópico. Condições como alta miopia, redução de estrogênio pós-menopausa, genética, estado nutricional e relação entre índice de massa corporal o consumo de gordura e o desenvolvimento e a progressão de catarata, especialmente a do tipo sub capsular posterior. Parece haver um efeito citotóxico das gorduras insaturadas nas células epiteliais do cristalino moderado pelo aumento de albumina do humor aquoso que ocorre com o envelhecimento.

5. Existe uma nova tendência no tratamento da catarata?

Existe uma tendência que o tratamento cirúrgico da catarata seja mais precoce que antigamente diante dos excelentes resultados, benefícios refracionais associados e menor risco de complicações quando a catarata não está avançada.

 

Fonte: Portal  da Oftalmologia