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História da Oftalmologia Alagoana

No início da história conhecida, a oftalmologia ou o que fosse mais parecido com tal, se resumia ao tratamento de lesões traumáticas com unguentos desconhecidos para nós, e ao tratamento da catarata pelo chamado processo de reclinação, que persistiu durante muito tempo como tratamento da opacidade do cristalino. Egípcios, sumérios e hititas nos deixaram algumas notícias a respeito. Tratava-se simplesmente de empurrar o cristalino opaco em direção ao vítreo. Acredita-se que de vez em quando devia dar certo. Enucleação para tratamento de tumorações provavelmente também eram realizadas, embora só mais tarde com Bartisch se padronizou uma técnica mais ou menos parecida com o que se usou nos últimos 3 séculos.


Em Alagoas, o que se sabe a respeito dos primeiros tratamentos oftalmológicos vem do inicio do século vinte, com alguma coisa escrito e alguns relatos orais. Em torno de 1920 José Carneiro D’albuquerque, cirugião geral, fazia o possível dentro das limitações da época. Provavelmente cauterizações, uso de colírios de ervas, excisão de pequenos tumores, e talvez alguma refração, que inclusive já era feita desde a Renascença. Mas pelos relatos dos que com ele conviveram, o pioneiro real da Oftalmologia como especialidade, foi Joaquim Neves Pinto, em torno dos anos trinta, com a inauguração da casa de saúde que trouxe seu nome até quase o século vinte e um.

Desde esta época até os anos sessenta fazia-se a especialidade atrelada a Otorrinolaringologia. Até que Artur Breda, tendo feito residência de oftalmologia em Belo Horizonte na Clinica de Hilton Rocha, o Papa do assunto nesse tempo, se dedicou a tratar especificamente as afecções oculares a partir de 1960. Em seguida, Dario Ramos, regressando de estágio na Universidade Federal de São Paulo, seguiu o mesmo caminho dedicando-se apenas à Oftalmologia e criando em 1963 o Instituto Santa Luzia, primeira clínica em Alagoas especializada exclusivamente no tratamento das doenças oculares.

A constante atualização científica dos profissionais da terra, em conjunto com o desenvolvimento natural dos procedimentos e da tecnologia, trouxeram a oftalmologia alagoana para um patamar de nível internacional. Grandes nomes como os já citados José Carneiro D’albuquerque, Joaquim Neves Pinto, Artur Breda e Dario Ramos Barbosa, juntamente com Oceano Carleial, José Lins de Gusmão Lyra, Olavo Uchoa de Omena, Aristóteles Calazans Simões, e Manoel Moura Rezenze Filho serão sempre lembrados como a base da oftalmologia que temos hoje em nosso estado.

A necessidade de organização da especialidade, tanto para o exercício na area cientifica, como para a atuação da classe em defesa de objetivos comuns, culminou com a fundação da Sociedade Alagoana de Oftalmologia em 1 de Outubro de 1982, e da Cooperativa dos Oftalmologistas de Alagoas em 14 de junho de 2000.

CATARATA
                            

A cirurgia de porte médio mais efetuada na Oftalmologia, apresentou evolução significativa entre as décadas de 1920 e 1990. Imagine-se que nos anos cinquenta ela era feita com incisão de 180 graus na córnea superior, após descolamento da conjuntiva, e efetuada por retirada in totum do cristalino, por manobras de pressão e contra-pressão. A seguir, era dado um ponto entre a conjuntiva e córnea a uns 3 milímetros do limbo, e aplicado um curativo com pomada de terramicina e oclusão bilateral. No dia seguinte se trocava o curativo, e se tudo estivesse bem, oclusão unilateral. O paciente só levantava no segundo dia, e alguns cirurgiões mais cuidadosos levavam até o oitavo dia esse cuidado. A abertura da câmara anterior era feita com afiadas facas importadas, modelos de Paufique ou Sourdille, franceses que dominavam a cena na primeira metade daquele século. O uso da gilete comum não temperada, diminuiu o custo do procedimento, pois eram baratas e de corte muito eficiente. Um aperfeiçoamento do processo foi o uso da pinça de Barraquer para retirada do cristalino de maneira mais suave e sem rutura da cápsula. Adicionalmente o uso de acetazolamida como recurso para diminuir a pressão intraocular foi introduzido no início dos anos 60.
                            

Essa evolução, e outras a seguir, nós presenciamos no trabalho com o Dr. Moura Rezende, nosso iniciador nos mistérios dos olhos, e arguto buscador de melhorias para nossos sofredores pacientes.
                            

A etapa seguinte na evoluçao dessa cirurgia foi o uso da chamada crioextração, onde se retirava o cristalino com uma espécie de caneta em cuja ponta se podia obter, com o uso de gás de geladeira (freon), temperaturas de menos 10 graus. A forte aderência  entre a ponta da caneta  com a cápsula e a parte superficial do conteúdo cirstaliniano, permitia um percentual muito alto de facectomias sem rutura de cápsula. Dos 5 miligramas de tração aceitaveis com a pinça de Barraquer passava-se a 250 miligramas com esse processo. Lembramos-nos então da engenhosidade de Dario Ramos Barbosa, que inventou uma caneta com um pequeno orifício próximo a ponta de congelamento, ou seja, de fácil acesso ao dedo do  inicador, e uma válvula de câmara de ar na extremidade oposta da caneta. Injetando-se gás na caneta e tapando-se o orifício do citado dispositivo, o gás ficava retido e o congelamento da ponta do instrumento ficava na dependência da vontade do cirurgião, que poderia interrompê-lo, se necessário, apenas com o toque do dedo.
                            

Em Dezembro de 1979, Dario Ramos publicou na Revista Brasileira de Oftalmologia, nº 4 – vol. XXXVIII,  um artigo com o título “Considerações sobre anestesias retrobulbar e subconjuntival e suas relações com perda de vítreo”. Naquela época a facectomia era intracapsular, com anestesia geral ou com injeção retrobulbar  e sedação. Talvez por ser professor de anatomia e ter um acurado instinto de observação, Dario começou a notar que poderia anestesiar todo o segmento anterior do olho infiltrando anestésico sob a conjuntiva bulbar nos 4 quadrantes do globo ocular. Pesquisou vários trabalhos e não encontrou referências taxativas a respeito do assunto, tendo lido inclusive um autor que dizia ser impossível a anestesia do segmento anterior sem o bloqueio retrobulbar. Então, anos antes da publicação do trabalho citado, fez a primeira facectomia intracapsular na Casa de Saúde Santa Luzia com a anestesia subconjuntival. Nesta ocasião utilizou uma sedação um pouco mais profunda e em seguida foi reduzindo gradualmente. Daí em diante não fez mais retrobulbar e observou que as perdas vítreas ocasionais também haviam diminuído. Algum anos depois, para reduzir um pouco o edema conjuntival produzido pelo volume do anestésico, começou a injetá-lo nos 4 quadrantes sob a tenon. Expôs a técnica para vários colegas, publicou o trabalho em 1979, mas ninguém a não ser seu filho, Dalton Ramos, passou a adotá-la desde então. Em 1992, Stevens e Greembaum descreveram a técnica da anestesia local subtenoniana, também chamada de anestesia “Flush”, hoje aplicada em um único quadrante e usada em cirurgias de catarata, cirurgias filtrantes e estrabismo. As recentes cirurgias de catarata com anestesia tópica, vieram corroborar as conclusões de Dario na década de 70, de que se poderia operar catarata sem obrigatoriamente ter que fazer anestesia retrobulbar.
                            

Os oftalmologistas alagoanos acompanharam toda essa evolução, sobretudo no Hospital do Açucar, nossa alma mater. As fases atuais da facoemulsificação e da lente intraocular (LIO) são grandes avanços que elevaram o procedimento a um nível de excelencia e sucesso. O implante de LIO foi realmente um marco na cirurgia de catarata, só quem viu pode avaliar a dificuldade do uso das grossas lentes de +12, +13 ou +14 dioptrias para quem tinha de usá-las. Em certa ocasião um importante industrial do açucar, que tinha sido operado pelo método antigo nos anos 50, comparou sua visão com um de seus pobres funcionários, operado já com o uso de lente intraocular, e disse: “Você é muito mais rico do que eu”.
                            

Foi no final dos anos oitenta que Flávio Rezende, do Rio de Janeiro, esteve aqui em Maceió a convite da Sociedade Alagoana de Oftalmologia, e nos fez uma demonstração da facectomia extra-capsular programada com implante de LIO no Hospital do Açucar. O tragicômico: foi escolhida aleatoriamente uma  paciente da fila de espera possuidora de catarata hipermadura. Ela foi operada com o uso de uma amostra de LIO cedida então pelo laboratório de Emyr Soares, de Belo Horizonte e da equipe de Hilton Rocha. Como não existia acesso à biometria naquela época,  o grau da LIO era escolhido pela média pensando-se num olho emetrópe ou próximo disso. A cirurgia transcorreu sem problemas, entretanto, descobriu-se depois que a paciente ficou com 17 graus de miopia. No início dos anos noventa, o colega Ademar de Castro tornou-se o primeiro alagoano a implantar uma LIO no nosso estado. Ademar atuou por certo tempo em Maceió e instalou-se logo depois em Belo Horizonte.
                            

Desde então, Alagoas vem acompanhando a evolução dos facoemulsificadores e das lentes intraoculares com relevante competência dos serviços oftalmológicos e suas equipes, que mantém a cirurgia de catarata do estado no mais alto nível de excelência.
                            

Atualmente, uma nova tecnologia, o LASER de femtossegundo, vem sendo introduzida pouco a pouco na cirurgia de catarata alagoana. Seu uso é direcionado para as etapas de criação das incisões, confecção da capsulotomia e fratura do núcleo cristaliniano, sendo o restante da cirurgia realizada com as tecnicas tradicionais de facoemulsificação. Entretanto, apesar de promissora, é uma tecnologia que ainda não está pronta. Apresenta maior desconforto ao paciente, maior tempo cirúrgico, e olho vermelho no pós-operatório, queixas que já havíamos eliminado com a facoemulsificação. Como disse o próprio Samuel Masket, pioneiro no desenvolvimento desta tecnologia: “Estamos na infância da cirurgia de catarata com o LASER de femtossegundo, mas no futuro ela vai ditar o estilo da cirurgia”.
                            


                            

GLAUCOMA
                            

Nos anos 50 operava-se muito mais glaucoma. Em retrospectiva, talvez tenha sido melhor. Hoje sabemos da sobrevida mais longa, aparentemente, das filtrações. O que talvez faça o processo mais indicado para o paciente mais jovem e de resposta insuficiente aos colirios. Até os anos 60 a pilocarpina era o que havia. Barata e cheia de problemas. Outros sucedâneos, como fostolina, fisiostigmina, etc, eram de difícil manejo. Em 1964 desenvolveu-se o colirio de adrenalina com algumas vantagens. A desvantagem é que não havia no Brasil. Por algum tempo conseguíamos comprá-lo na Argentina através dos então raros turistas que viajavam à terra de Gardel.
                            

Nesta época o paciente se deparava logo de início com a possibilidade de ser operado por técnicas hoje mal lembradas. Técnicas de Lagrange, ciclodiálise, iridectomias periféricas, eram usadas com resultados variáveis. Harold Scheie melhorou as coisas, com sua técnica de filtração protegida, que evoluiu para a trabeculectomia, mais segura. A partir dos anos 70 foi inaugurada no Hospital do Açucar, a técnica de trabeculotomia para glaucoma congênito. Com esta técnica, Everaldo Lemos operou com sucesso 6 membros de uma mesma família de Santana do Ipanema.
                            

Em  1964 na Alemanha Harms e Mackensen introduziram o uso do microscópio cirúrgico na oftalmologia. Usava-se entre nós, naquela época, a lupa cirúrgica com iluminação externa, tudo muito precário como descobrimos depois do advento do microscópio. Em 1967 foi trabalhar no Hospital do Açucar o Dr. Djalma Breda, otorrino de boa escola, que conseguiu arranjar a compra de um microscópio cirúrgico para operar ouvido, sua paixão na época. Foi fácil descobrir que o microscópio, de cor verde e fabricado no país por D. F. Vasconcelos em São Paulo, era o modelo exato do aparelho alemão para oftalmologia. Passamos então a usá-lo até para pequenas cirurgias. Era outra história.
                            

Outra grande invenção do colega já citado, Dario Ramos, foi na década de 70, quando elaborou um perímetro que copiava o de Goldman, só que, claro, muito mais barato. Mais tarde, o perímetro de Humpfrey e similares levaram ao abandono da campimetria cinética, pelo menos para glaucoma, que era sua maior indicação.
                            


                            

CÓRNEA  E CONJUNTIVA
                            

A grande patologia tratável da conjuntiva era o pterígio. Com enorme incidência nos trabalhadores do campo, os pterígios eram vistos em todas formas e estágios. Incipientes, moderados, avançados e muitas vezes duplos, eles eram abordados de várias formas, e tinham de 10 à 60% de índices de recidiva. “O melhor método nos casos leves e intermediários nos foi apresentado por Moura Rezende: ressecção sub mucosa com desvio inferior do retalho conjuntival. Nos anos noventa a ressecção com cobertura de conjuntiva contralateral nos deu resultados muito bons, inclusive em casos de até 5 recidivas prévias”, lembra Everaldo Lemos. O uso de mitomicina C ou betaterapia como coadjuvantes sempre teve sua eficácia questionada em casos extremos. Pelo contrário, vários casos de necrose parcial de esclera no ponto da aplicação foram observados. O efeito rádio mimético.
                            

A  córnea talvez fosse a região que mais trabalho dava aos oftalmologistas do estado no século passado. Úlceras mal tratadas, geralmente traumáticas, levavam com frequência a perfurações, glaucoma secundário, e endoftalmites que iam até à  evisceração. Os leucomas resultantes sugeriam a necessidade de se fazer transplante. Outra indicação eram as ceratoses bolhosas, sequelas de trauma cirúrgico pela falta de microscopia especular para contagem de células e inexistência ainda de protetores do endotélio. Em 1967, Everaldo Lemos realizou a primeira ceratoplastia penetrante do estado, num paciente que tinha também, por acaso, leishmaniose nasal sequelar. Juntamente com Djalma Breda, examinou o paciente durante 3 anos, e este não apresentou nenhum sinal de reativação da lesão nasal, mesmo em uso prolongado de corticoide tópico, e por algum tempo, sistêmico.
                            

O Hospital do Açucar (sempre ele) propiciava nesta época a oportunidade de se obter córneas com certa facilidade. Pois os seus pacientes na maioria dos casos eram considerados sem família e seus despojos pertenciam ao Hospital, que providenciava inclusive o enterro quando a família não os buscava. Nos anos noventa a facilidade começou a transformar-se em dificuldades, e cada vez mais acentuadas. Alterações na direção do hospital forçaram os oftalmologistas a procurar doações de outra maneira. Campanhas de filiação de doadores foram realizadas através de rádio, jornais, TV, e exposição de cartazes em shoppings. Destaca-se o empenho de Vera Tenório e Olivia Ramos, estagiárias em oftalmologia na época e orientadas por Everaldo Lemos. “Com pouco tempo chegamos a seguinte conclusão: provavelmente nós morreríamos antes da maioria dos doadores, que em grande parte eram jovens em torno de 18 a 25 anos, que estavam estusiasmados com a nobre causa. Além disto, as raras doações que recebíamos nesta época eram todas de pessoas de nível social e intelectual mais elevado (até um ex-prefeito foi doador), uma minoria em nosso estado. Foi quando decidimos que a melhor abordagem para a doação era diretamente com a família do paciente hospitalizado em estágio terminal. Relata Everaldo.
                            

A ceratoplastia com finalidade refrativa, abordagem corneana bem mais recente e em evolução, foi iniciada entre nós  em 1998, com Dalton Ramos no Hospital de Olhos Santa Luzia, supervisionado por Marcelo Freitas,  de Salvador.  Atualmente a cirurgia corneana refrativa a laser, bem como crossliking do colágeno corneano e implante de anel estromal, são realizados pelos cirurgiões desta sub-especialidade no Eye Laser Center, criado em 2009 especialmente estruturado para esse fim, e onde são utilizados os mais modernos lasers da atualidade: o Excimer LASER Ex500 e o LASER de Femtosegundo FS200.
                            


                            

LENTES DE CONTATO
                            

Feitas de acrilico duro, no início eram incômodas e caras. Seu introdutor entre nós foi mais uma vez Joaquim Neves Pinto, espírito irrequieto em busca do atual.  A era da difusão de sua utilização se deu entre os alagoanos em 1982 com o aparecimento das lentes gelatinosas da empresa Waicon, e com a vinda de João Carlos Lyra, que foi também quem abriu a sessão inaugural  do primeiro Curso da Sociedade Alagoana de Oftalmologia sobre este tema, em 24 de Março de 1983, com participação de Ary Penna e Emir Soares, do Rio de Janeiro e Belo Horizonte, respectivamente.
                            


                            

ESTRABISMO
                            

Até 1964 mais ou menos não se tratava estrabismo em Alagoas. Pelo menos  cirurgicamente. Então começou a clinicar entre nós Artur Breda, voltando de residência no Instituto Hilton Rocha, e foi quem realizou os primeiros procedimentos cirúrgicos para a correção desta afecção. Em 1965, Everaldo Lemos, voltando de estágio no Hospital dos Servidores do Estado, no Rio de Janeiro, começou a fazer-lhe companhia. Passaram a operar inclusive estrabismos verticais e paralíticos tempos depois. Um fato pitoresco desta época foi que ganharam um carneiro de presente de uma fazendeira que conseguiu casar após a melhora estética pós-operatória.
                            

Nos anos 70 utilizaram um pouco o sinoptóforo, aparelho parente dos malfadados eutiscópio e ordenador, invenções suiças que deram em nada. O aparelho utilizado por eles pertencia ao Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB), e até hoje ficamos todos a imaginar quem teria solicitado sua compra, dado a sua quase inutilidade.
                            

               
                            

RETINA
                            

Hiran Monte, após residência na Santa Casa de Belo Horizonte no ano de 1971, realizou a primeira cirurgia de retina do estado de Alagoas. Tratava-se de uma cirurgia de descolamento de retina. Pouco depois Hiran passou a priorizar a área de cirurgia de catarata, caminho seguido por muitos. Como dizia Moura Rezende naquela época: “Catarata é que dá nome. Glaucoma e retina é como pau de galinheiro, onde você pegar se suja”.
                            

Everaldo Lemos atuou no tratamento cirúrgico das retinopatias, usando a estrutura do Hospital do Açucar com o apoio de Ib Gatto, Diretor Hospitalar durante quase todo tempo em que lá esteve. Nos anos oitenta um vitreófago Grieshaber, dos primeiros modelos, foi comprado com uma verba de um tal “Fundo Rural” e foi utilizado para as primeiras vitrectomias posteriores realizadas no Estado. A primeira câmara retinográfica foi adquirida por Everaldo quando começou a lecionar na Escola de Ciências Médicas em 1973. Era uma Kowa portatil sem muitos recursos, mas que permitiu observar e documentar o primeiro caso publicado de coriorretinite por esquistossomose. O que é facil de entender, pois a infestação na época atingiu em torno de 90% da população.
                            


                            

ÓRBITA E VIAS LACRIMAIS
                            

Áreas ingratas, espécies de terras de ninguém desde sempre, foi frequentada por otorrinos, cirurgiões plásticos, bucomaxilofaciais e neurocirurgiões. As técnicas clássicas de obstrução de vias lacrimais eram mais conhecidas dos oftalmologistas. Moura Rezende era mestre no assunto e foi seguido por Everaldo Lemos. Mas sabemos que antes dele Joaquim Neves Pinto já executava técnicas que chegaram até os dias de hoje.
                            

A órbita por suas referências anatômicas e patologia intrínseca necessitava às vezes do aconselhamento e mesmo a presença de um neurocirugião. Everaldo Lemos mais uma vez marcou época atuando ao lado dos neurocirurgiões Abinadá Lyro e Ruy Costa em casos cirúgicos de tumores retrobulbares. Passou a realizar ainda orbitotomias laterias pela técnica de Kronlein, auxiliado por Arnoldo Gomes de Barros.
                           




A partir dos anos oitenta a necessidade de organização da especialidade era cada vez mais patente. De 6 especialistas em 1962 já passávamos de 30. Tínhamos muita gente nova com vontade de crescer e de organizar a classe em defesa de futuros interesses em comum. O intercâmbio de informações e a necessidade de atualização com mestres de outros estados, levou a classe a fundar a Sociedade Alagoana de Oftalmologia em 1 de Outubro de 1982.

A SAO é desde então associada à Sociedade de Medicina de Alagoas (SMA) como departamento de especialidade. A entidade permanece até a atualidade em atividade e desde sua primeira promoção em 24 de março de 1983 vem realizando com frequência encontros e jornadas científicos, atividades de defesa profissional e eventos sociais de congraçamento.

A primeira diretoria foi composta por:
Diretor: Everaldo Lemos
Secretário: Dalton de Oliveira Ramos
Tesoureiro: Hiran Pereira Monte
Conselho Fiscal: Cesar Augusto de Farias, Jack Arnold O. Lima e Alex Lins Barbosa.


Assinaram a Ata de fundação e foram considerados Sócios-Fundadores da SAO:

- Aristóteles Calazans Simões
- Guilherme Celso Villar de Carvalho
- Dario Ramos Barbosa
- César Roberto de Melo Amorim
- Charles Wilson Wanderley Cavalcanti
- Márcia Maria Alencar de Brito
- Jack Arnold de Oliveira Lima
- Ernande Roberto Lins
- Papiniano Carleial
- Hiran Pereira Monte
- João Carlos Lyra
- Fernando Medeiros de Oliveira
- Maria José Cardoso Ferro
- Mario Jorge Santos
- Sílvio Romero Fernandes de Albuquerque
- Rômulo Miranda Ferreira
- Deocleciano Vital Passos
- Manoel Ferreira Barbosa
- José Pacheco Filho
- Alex Lins Barbosa
- César Augusto Cunha de Farias
- Everaldo Lemos
- Dalton de oliveira Ramos
- Arthur Guttenberg Breda

                                  
                                  



                                
    

RESPONSÁVEIS POR ESTE RESGATE HISTÓRICO

DR. EVERALDO LEMOS

DR. ALLAN BARBOSA

DR. DALTON RAMOS

DR. ISAAC RAMOS