As estimativas para o ano 2025 são de que o Brasil terá a sexta maior concentração de idosos do mundo acima de 32 milhões, quase 13% da população e a prevalência de doenças oculares aumenta com a idade. A oftalmologia geriátrica é um campo de estudos que vem crescendo justamente para atender a esses “novos velhos”, bem diferentes dos das gerações anteriores.
Não tem como fugir das alterações fisiológicas, mas o idoso de hoje é mais ativo e tem um nível de exigência bem maior: está no computador, dirige, viaja. Qualidade de visão significa qualidade de vida.
O olho parece ter um prazo de validade bem definido: na quinta década da vida surgem as dificuldades de leitura, a presbiopia, e, na sétima década, problemas decorrentes da opacificação do cristalino: a catarata. Ambos os casos são de fácil solução, através do uso de óculos e pequenas cirurgias, mas esbarram muitas vezes na falta de infraestrutura dos serviços públicos de saúde e de recursos dos próprios pacientes. Além dessas, o glaucoma, a retinopatia diabética e a degeneração macular são as doenças mais frequentes entre os mais velhos. Sem tratamento, podem ter graves consequências, levando também ao isolamento social e à depressão.
Sobre a catarata:
O cristalino normal é transparente e qualquer opacidade significativa, adquirida ou congênita, é denominada catarata. A incidência aumenta com a idade e há uma discreta predominância em mulheres. Ela é responsável por quase 50% dos casos de cegueira em idosos no mundo, mas o que chama a atenção é que o problema pode ser facilmente revertido por procedimento cirúrgico. No Brasil, aproximadamente 700 mil pessoas são classificadas como cegas por catarata, o que aponta para a urgência de planejamento de serviços públicos de saúde quando o assunto é envelhecimento ocular.
Sobre o glaucoma:
A Organização Mundial da Saúde (OMS) coloca o glaucoma como a segunda principal causa de cegueira, depois da catarata, a diferença é que aí o processo é irreversível. O mais dramático é o seu caráter silencioso: é assintomático em quase 75% dos casos. O glaucoma não dói, não arde, o olho não fica vermelho, mas o nervo ótico é atingido. Como a perda de visão começa no campo periférico, e aos poucos chega ao centro do olho, a progressão da doença pode passar despercebida. Por isso o maior desafio é detectá-la em seus estágios iniciais.
Há fatores de risco que devem ser levados em conta: raça negra, histórico familiar, hipertensão ocular. Uma estratégia de prevenção seria alertar os portadores dessas características para visitas mais frequentes ao especialista, mas a detecção precoce normalmente necessita de exames complementares. Como a hereditariedade é muito importante, quem for diagnosticado deve avisar aos familiares imediatamente.
Um dado alarmante é a baixa fidelidade ao tratamento. O colírio para controlar o glaucoma, de uso contínuo, tem um custo que pesa no orçamento e muitos pacientes se descuidam justamente porque não apresentam sintomas claros da doença.
Sobre a retinopatia diabética:
O diabetes também é questão de saúde pública. A maioria dos pacientes com a doença por um período acima de 15 ou 20 anos terá alguma forma de retinopatia diabética. Estimativas no Brasil mostram que 7,6% da população urbana entre 30 e 69 anos apresentam a doença, o pior é que, em 46% dos casos, as pessoas não sabem que são portadoras. A única forma de evitar a retinopatia diabética, que provoca hemorragias no olho, é o controle da glicemia, da pressão arterial e de outros fatores de risco sob supervisão médica.
Sobre a degeneração macular:
É a principal causa de cegueira em idosos nos países desenvolvidos e a terceira maior causa no mundo. É incomum antes da faixa entre 50 e 60 anos, mas, no grupo de 90 anos, duas em três pessoas apresentam o problema. A degeneração macular atinge o centro da visão e distorce a imagem que se forma, afetando imediatamente a leitura. Quem fuma tem o risco aumentado de três a cinco vezes e, como se trata de situação irreversível, é fundamental o diagnóstico precoce que diminui a lesão final estabelecida. Nos casos avançados, os pacientes necessitam de equipamentos voltados para quem tem visão subnormal, como lupas e magnificadores manuais ou eletrônicos.
Sobre o olho seco:
O olho seco é um mal deste século, já que passamos mais tempo em ambientes refrigerados, em frente a telas de celulares, tablets e computadores. As mulheres na menopausa sofrem mais do que os homens, por causa da diminuição geral da lubrificação corporal, mas fatores externos como tabagismo, lentes de contato e medicações anti-histamínicas ou antidepressivas pode contribuir para o quadro. Há síndromes mais graves envolvendo a disfunção lacrimal, mas o incômodo do olho seco pode ser amenizado com um colírio de lágrima artificial.
Fonte: http://g1.globo.com/