Muitas crianças só são levadas ao oftalmologista por dificuldade de enxergar a lousa em sala de aula, mas o primeiro exame de vista do bebê, conhecido como Teste do Olhinho, deve ser realizado ainda na maternidade, por um pediatra treinado, explica o dr. Adamo Lui Netto, pai de Aline, Giovana e Tatiana, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
Depois, é preciso levar a criança ao oftalmologista com 1 ano de idade, aos 3 anos e, a seguir, antes de ingressar na escola e depois de iniciar a vida escolar, podem ser feitos de dois em dois anos, caso não haja indicação de frequência maior.
Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam que 50 milhões de brasileiros sofrem de algum tipo de distúrbio de visão e que 60% dos casos de cegueira e deficiência visual poderiam ser evitados se o tratamento tivesse sido feito a tempo. Por isso, é fundamental levar seu filho ao oftalmo.
Teste do Olhinho – o primeiro exame
É um exame simples, rápido e indolor, realizado com um aparelho chamado oftalmoscópio direto, com o qual o médico examina os olhos da criança. Deve ser realizado numa sala escura, com um auxiliar segurando o bebê, para garantir que o examinador tenha fácil acesso aos olhos do paciente. O oftalmoscópio deve ser posicionado a uma distância aproximada de 30 cm de cada olho.
Um reflexo vermelho homogêneo, simétrico e regular deve ser visto em ambos os olhos. O exame é realizado em mais ou menos 5 minutos e pode ser realizado por um pediatra treinado.
Quando é detectado o reflexo vermelho em ambos os olhos o resultado do exame é considerado normal. Se houver dificuldade em detectar o reflexo vermelho, a criança deve ser examinada pelo oftalmologista com exames mais específicos, para verificar eventuais doenças oculares.
Livros para convencer seu filho a ir ao oftalmo
O teste do olhinho pode detectar doenças que causem obstrução do eixo visual por opacidade, como catarata, glaucoma, opacidades da córnea, hemorragias no vítreo, e inflamações e tumores intra-oculares, entre outros. Ele é fundamental para que o diagnóstico e tratamento sejam realizados de maneira precoce, evitando a redução permanente da acuidade visual.
O exame está disponível em grande número de hospitais, mas ainda não em todos. O exame é obrigatório por lei nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo.
Sinais de alerta
Olho de gato na foto
Existem alterações que os pais podem observar na visão do recém-nascido que merecem cuidado imediato. Caso note que seu filho não acompanha os movimentos dos objetos e da luz ao seu redor, é preciso consultar um oftalmologista imediatamente.
Caso, ao fazer uma foto do seu filho, a pupila (parte preta do olho) apareça branca, como se fosse um olho de gato, significa que há opacidade dos meios transparentes, podendo ser catarata, opacidade de córnea, glaucoma ou um tumor intraocular, como o retinoblastoma, tumor maligno que se desenvolve na retina, que ocorre devido a uma mutação num gene do cromossomo 13. A criança pode nascer com o problema ou manifestá-lo nos primeiros anos de vida, afetando apenas um ou ambos os olhos. Na maioria dos casos, o retinoblastoma é curável, podendo ser tratado com quimioterapia, radioterapia e tratamento oftalmológico e a laser.
Estrabismo depois dos 3 meses
É normal a criança parecer estrábica (vesga) nas primeiras semanas de vida, pois não tem coordenação motora ocular para manter os olhos paralelos. Essa condição é considerada normal até aos 3 meses de idade. A partir dos 3 meses, se os olhos da criança parecem desalinhados é preciso consular o médico. O problema merece atenção principalmente se só um dos olhos permanecer estrábico, pois esse olho que não tem a fixação na região central da visão pode ter uma perda acentuada da acuidade visual, que se não tratada a tempo e corretamente se transformará numa perda permanente. O oftalmo pode indicar o uso de tampão, óculos e, em alguns casos, cirurgia.
Frequência de exames oftalmológicos
O primeiro exame da criança deve ser realizado no berçário, que é o Teste do Olhinho. Se estiver tudo normal, deve ser novamente examinada com 1 ano de idade, aos 3 anos e a seguir na idade pré-escolar.
Se estiver tudo normal do ponto de vista oftalmológico, os exames devem ser realizados na idade escolar, e a partir daí de dois em dois anos, dependendo dos achados nos exames anteriores, podendo ser um espaço de tempo maior ou menor.
Como são feitos os exames?
Os exames realizados quando a criança ainda não sabe explicar verbalmente o que sente ou vê, é baseado nos exames físicos objetivos, sendo usada a oftalmoscopia (exame com o oftalmoscópio), para avaliar se os meios oculares estão transparentes e esquiascopia, que verifica se os olhos apresentam graus que necessitam de óculos e que possam prejudicar a visão.
A partir dos 3 anos de idade a criança já passa a conseguir dar algumas informações, e no exame do pré escolar já é possível obter as informações necessárias para medir a acuidade visual e avaliar se é necessário realizar a correção óptica (indicar óculos). Desde o primeiro exame, podemos diagnosticar se os meios transparentes estão normais (se não há catarata, por exemplo) e verificar se a criança tem miopia, hipermetropia e/ou astigmatismo, que geralmente necessitam de uso de óculos.
Quando precisa pingar o colírio?
Arde um pouco, é verdade, mas em todos os exames na criança, há necessidade de instilar o colírio dilatador da pupila. Ele é usado para verificar se os meios transparentes estão normais e, também, para medir os graus de miopia, hipermetropia e/ou astigmatismo dos olhos, de maneira exata.
Fonte: http://www.paisefilhos.com.br