Cientistas
canadenses estudaram o quanto e de que forma a visão é comprometida
pelo consumo de bebidas alcoólicas. Mesmo quando os níveis de consumo
estão dentro de parâmetros aceitáveis, a conclusão é que a visão pode
ser prejudicada em até 30% antes mesmo de o bafômetro acusar que a
pessoa atingiu ou passou do limite.
Além
de o álcool afetar as habilidades motoras da pessoa e a tomada de
decisão, o estudo também revelou uma redução no contraste visual,
dificultando a noção de profundidade e a distinção de tudo o que for
claro e escuro. De acordo com Brian Timney, coordenador das pesquisas,
no começo da manhã e ao cair da tarde, especialmente quando a luz do sol
está baixa, a noção de contraste ajuda muito na hora de evitar um
acidente de carro.
Na
opinião do cirurgião-oftalmologista Renato Neves, diretor do Eye Care
Hospital de Olhos, em São Paulo, olhos avermelhados e reações lentas são
sinais claros de ingestão moderada ou alta de bebidas alcoólicas. Mas o
pior é o impacto que isso causa no cérebro e, consequentemente, na
visão a longo prazo.
“Entre
os sintomas mais comuns estão a visão dupla e a visão embaçada. Com a
repetição desses episódios, os músculos que controlam o foco da visão
ficam comprometidos, prejudicando grandemente a noção de distância e
profundidade.
Também
a visão periférica, que dá uma noção do que está acontecendo ao redor
da pessoa, fica altamente prejudicada com o tempo – e isso é
especialmente ruim para quem vai dirigir”, diz o médico.
Neves
chama atenção para outro estudo, desenvolvido pela Faculdade de
Medicina da Hallym University, na Coreia do Sul, que revela que o
consumo de álcool também está relacionado a distúrbios da superfície
ocular, como olho seco. “Quando o consumo de álcool é prolongado, é
possível identificar uma mancha permanente nos olhos: vermelha ou
amarela. Esse é, inclusive, um dos sinais físicos encontrados nos
alcoólatras. Com o tempo, a pressão ocular elevada pode danificar o
nervo óptico, resultando em glaucoma e na perda permanente da visão”